Este foi o segundo Natal que vivemos nestas terras de
Missão. O ano passado estivemos numa comunidade chamada Puerto Ospina –
Colômbia e este ano, na comunidade de Soplin Vargas no Perú.
Por estes lados existe a tradição de rezar a Novena de
Natal, por isso de malas feitas, no dia 16 de Dezembro, o P. Kim entrou na “auto-estrada”
A-rio Putumayo em direcção a Soplin Vargas. Foi apenas 1 hora de viagem porque
viajou no barco da Paróquia de Puerto Leguizamo que tem um motor 40, juntando-se
com Ir. Graça Lameiro e com P. Eduardo Reyes, ambos também iam visitar as
comunidades indígenas ao longo do rio Putumayo mas do lado colombiano. Atracado
no porto de Soplin Vargas, os animadores, juntamente com algumas pessoas da
comunidade, ajudaram a levar a “carga” até ao hospital onde nos iríamos alojar
durante o tempo de Natal. Nos primeiros dois dias o P. Kim ficou sozinho e celebrou
a novena com a comunidade numa casa de família, na qual previamente tinham
montado um bonito presépio para a ocasião.
Domingo 18 chegou o nosso momento de viajar, pois o Copi
tinha acabado de chegar de Bogotá, onde teve de ir tratar de uma pequena
alergia que lhe apareceu, felizmente não foi nada de grave. Como fomos mais
tarde, tivemos de viajar no, já habitual, barco de um animador, D. Luciano, que
vive em Soplin. A nossa viajem foi um pouco mais longa, durou 2 horas pois
viajamos com um “peque-peque” - um tipo de motor que apesar de económico, não
prima pela velocidade.
Assim que chegamos começaram também as actividades. Para as
crianças preparamos desenhos, colagens, recortes e cantos com dinâmicas. Cada
dia, na parte da tarde, a Vivi dava um pouco de catequese sobre o tema do dia e
depois as crianças realizavam trabalhos manuais que apresentavam no ofertório
da celebração da noite. Todos esses trabalhos serviram para decorar o local
onde celebrávamos a novena, bem como a árvore de natal e naturalmente o
presépio.
Começamos com poucas crianças, mas rapidamente se juntaram mais, e
inclusive, até esperavam à porta de tão ansiosos que estavam. Verdadeiramente
foram dias de alegria para as elas.
Uma vez que conseguíamos reunir as crianças e alguns adultos
(que também ajudavam na decoração natalícia), aproveitávamos para ensaiar
alguns cânticos para animar a celebração da noite. O Copi, uma vez que o Senhor
não lhe deu o dom da afinação, utilizou os conhecimentos que tinha para tocar
guitarra na celebração e contribuir para que esta tivesse algum ritmo e cor. Podemos
dizer que se defendeu muito bem.
Juntamente com os
mais adultos, o Copi ocupou-se em montar o presépio com cenário amazónico. As
principais figuras foram feitas em barro (recolhido do rio) e pintadas à mão, o
restante foram figuras recortadas e pintadas pelas crianças durante as
actividades da tarde. O produto final foi um “hermoso” presépio, tal como nos
conta a Palavra de Deus: simples, pobre e cheio de luz!
A tradição das Novenas de Natal também diz que no final de
cada celebração, se deve oferecer um pequeno doce, rebuçados, ou até chocolate,
às pessoas que participam. A verdade é que havia sempre mais gente no final das
celebrações do que ao inicio, mas claro, tradição é tradição, e todos ficavam
contentes com o pouco que se partilhava.
Na noite de Natal, a celebração foi muito bonita e
participada. E sem dúvida que o coro das crianças transforma todo o meu momento
em algo mais especial. O menino nasceu e seguramente sorriu ao encontrar uma
comunidade unida na oração e disposta a recebê-lo de braços abertos nos seus
corações.
Terminados estes dias de partilha com a comunidade de Soplin
Vargas, regressamos a Puerto Leguizamo no dia 25 e de novo em “peque-peque”, desta
vez a viagem durou 3 horas e meia pois íamos contra a corrente do rio!
Chegando
a Puerto Leguizamo, estava à nossa espera um delicioso almoço de Natal
preparado pelas Irmãs da Consolata e com a presença de todos os missionários e
missionárias da comunidade de Leguizamo e La Tágua (uma missão vizinha). A irmã
Graça partilhou um pouco do Natal português - nozes, figos e claro está a D.
Antónia, uma senhora muito conhecida que vem no rótulo de uma boa garrafa de
vinho do porto.
E assim se viveu mais um Nascimento de Jesus na Missão e em
família.
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