quinta-feira, 2 de junho de 2011

A Páscoa em Soplin Vargas

Depois de um primeiro contacto com Soplin Vargas, depois de uma primeira "mirada", algo especial estava reservado para toda a equipa missionária. Parecia uma Páscoa igual a tantas outras que vivemos em Portugal, parecer parecia mas não o era... Primeiro era uma Páscoa internacional, com a presença de portugueses, coreanos, peruanos e colombianos. Segundo pelo ambiente: imaginem-se entre esta paisagem maravilhosa, o rio como pano de fundo e um calorzinho desses que nos faz suar mesmo quando chove! Enfim... Perfeita!

O catequista, Don Luciano, já tinha tudo preparado: a casa onde ficaríamos por esses dias, quem nos ajudaria a cozinhar, e mais ou menos o sentir das pessoas sobre a nossa chegada. Depois de bem instalados, a primeira coisa a fazer era programar essa semana intensa para que as expectativas não saíssem defraudadas e depois deixar que o Espírito nos guiasse, sendo nós meros instrumentos da vontade do Pai. Começamos por visitar casa a casa, católicos, não católicos e evangélicos, todos sem excepção. Fomos recebidos muito bem em todas as casas, onde, por muito ou pouco tempo que ficávamos a conversar, algo de bom sempre acontecia - um sorriso, um bom acolhimento, uma promessa de presença na Eucaristia, o “sermão” de meia hora que recebemos de um pastor evangélico e, finalmente, uma pessoa que muito amavelmente não nos quis receber em sua casa – tudo contribuiu para o mais importante destas visitas: conhecer as pessoas e que elas nos conheçam. Todos os dias havia Eucaristia às 18:00, bem, pelo menos assim dizia no horário afixado na porta da Câmara Municipal, mas a verdade é que sempre começava uma hora depois, hora essa aproveitada para a Vivi ensaiar uns cânticos para animar a celebração. Mesmo não sendo muito participada, a Eucaristia era um excelente ponto de encontro, um oásis no meio de um povo que, de presença católica contava apenas com cerca de 3 visitas por ano e uma porta aberta a viver a Páscoa como comunidade! As celebrações correram todas muito bem.

5ª Feira Santa Convidamos algumas pessoas a fazer parte da celebração de Lava Pés, onde todos participaram com muita curiosidade principalmente por ver o Padre Kim lavar os pés às pessoas de Soplin. Entre sorrisos e dedos a tapar o nariz, todos ficaram contentes! A foto ilustra a descontracção de D. Luciano que mesmo a lavarem-lhe os pés, não deixou de cantar.

6ª Feira Santa
Nem o céu parcialmente cinzento nos demoveu a fazer a Via-sacra. A novidade era que esta se realizou às 8:00 pois tínhamos que conjugar três factores: calor, luz e pessoas! O trajecto foi decidido pelos animadores locais e as estações eram as casas de algumas pessoas que foram convidadas a decorar como quisessem a estação correspondente. Começamos poucos mas muitos foram os que se juntaram ao longo da celebração que é tão bonita quando é feita como comunidade.






Sábado Santo

Este é o sábado de todos os sábados, a noite de todas as noites: a noite da Ressurreição! Felizmente foi uma vigília muita participada tanto na preparação como na celebração. Tivemos a bênção de realizar 2 baptizados nessa noite, um bebé e uma criança, mais dois elementos que ajudam no crescimento da comunidade cristã de Soplin Vargas. Foi a celebração mais participada, mais emotiva, mais alegre da semana. Verdadeiramente a ressurreição transforma quem a vive e quem faz viver os outros.

Domingo de Páscoa

A preparação deste dia foi intensa, foi a celebração que deu mais trabalho, mas valeu a pena! Tudo começou no sábado com a recolha de folhas de palmeira (chambira) para fazer saias tradicionais kichua que seriam usadas no ofertório solene. Eram necessários também ensaios, e claro está, realizaram-se sobre a batuta da ensaiadora de ofertórios Vivi. Como queríamos que as pessoas também ficassem com algo que lhes recordasse esta vivência diferente da Páscoa, fizemos umas cruzes em madeira (com a inscrição: Páscoa 2011 – Misioneros de la Consolata). Essa celebração teve pouca participação, mas com a ajuda dos altifalantes, que estão espalhados um pouco por todo o “pueblo”, fizemos com que o Cristo ressuscitado chegasse a cada ouvido e a cada coração.

Bem, como puderam ler e ver, esta foi de facto uma Páscoa diferente, particular e muito especial para nós mas o mais importante não foi o que nos transformou mas sim aquilo que transformou as pessoas, aquilo que lhes fizemos sentir através do nosso testemunho missionário.

Afinal ser missionário é ser canal do Espírito e voz que clama no meio do deserto a Boa Nova de Jesus ressuscitado.

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