segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Feliz Navidad e Buen Año Nuevo!

A celebração do Natal começou algum tempo antes da nossa chegada a Puerto Ospina com a decoração das ruas, das casas e dos presépios.

O nosso primeiro trabalho foi ajudar a comunidade a criar o presépio da Igreja, que ficou muito bonito! Nos dias seguintes começamos a rezar com a novena, sempre com a presença de muitas crianças. Claro que estas estão ali para receber um doce no final, mas também é verdade que cantam e animam como só as crianças sabem fazer!

Durante a preparação do Natal e sem saber se teríamos padre para a missa do dia 24 de Dezembro, começamos a ensaiar os cânticos e juntamos as crianças para uma pequena representação. Felizmente acabamos por ter connosco o P. Salvador Medina, que conseguiu passar o Natal cá em casa.

A noite do dia 24 foi muito intensa, começando pela representaçãoo das crianças de um presépio ao vivo, passando pelos três baptizados e terminando na missa de Natal. Foi a Missa do Galo mais preenchida que já tivemos, e os baptismos deram um toque mais real à palavra Nascimento.

Depois de tantas celebrações, e já com a hora adiantada, fomos os quatro para o nosso Jantar de Natal, infelizmente sem bacalhau, mas com rabanadas e a aletria (que também não estavam assim muito bem, mas comiam-se). A tradição na Colômbia é comer Buñuelos e Natilla, mas que também não tivemos. Enfim, o que mais se aproveitou foi a companhia e uma garrafita de Rum, na falta de champagne, wisky, vinho do porto, ou outra bebida qualquer. Mas até que não passamos nada mal!

O presente do dia 25 foi um maravilhoso peixe acabadinho de pescar. Um gesto que não podemos deixar de partilhar convosco. O senhor Xavier, pescador, foi pescar no dia 25 e dos três peixes que conseguiu, deu-nos um. Antes de ir comentou com o Copi: “Se só pescar um dividimos a meio e se pescar dois, um é para vocês!” É de salientar que ele tem família e todos estavam em casa também à espera do peixe para celebrar o Natal. E tenho tudo dito!

Ainda em família, dia 26 fomos almoçar a Palma Roja com a comunidade IMC que celebrava também o encerramento do ano Propedêutico. Felicidades e bom caminho para os dois jovens, que, se Deus quiser, serão futuros Missionários da Consolata.

Com o final destas festas também nos despedimos do P. Salvador e do Fernando. De forma especial fica aqui um agradecimento ao Fernando pela ajuda na integração. Seguimos juntos nesta missão, e claro, com amizade!

Rapidamente se aproximou o Ano Novo. Dias antes não sabíamos o que fazer na noite de 31. Mas, mais uma vez, Deus já tinha tudo planeado. Nesse dia chegou o P. Armando Olaya e o Miguel da comunidade de Palma Roja – Equador. Assim ficou resolvido que se celebraria a Missa com a comunidade. Foi uma celebração simples e bonita, numa noite muito quente e cheia de ritmos. Por estes lados, estas duas festas, principalmente a Passagem de Ano Novo, ou Noche Vieja como lhe chamam, são muito agitadas, a música e a dança estão presentes toda noite e todo o dia. Na noite de 31 a tradição diz que se deve queimar o Homem velho, por isso cada comunidade cria a seu boneco e quando chega à hora juntam-se para vê-lo queimar e assim se despedirem da “ pessoa velha”.

Aproveitamos esta ideia para deixar uma sugestão: comecemos o ano como uma pessoa nova, livre dos pesos do ano que passou e com força para começar tudo de novo. A proposta fica aqui: AMAR ainda mais no novo ano 2011!

Que lo pasen bien!

TEMPORADA EM PUERTO OSPINA - Primeiro episódio!



“Conhecimento da realidade, inculturação, necessidade de acompanhamento da comunidade (devido à ausência do pároco, P. Kennedy M’nthaka, IMC )e algum tempinho para nós", assim foi apresentada a ideia de passarmos alguns meses em Puerto Ospina, missão no rio Putumayo – Amazónia.

A proposta era maravilhosa, sem dúvida uma oportunidade de integração na missão Amazónica que não podíamos perder, mas para melhorar, soubemos que a Igreja da paróquia está dedicada a Nossa Senhora de Fátima. É verdade, não sabemos o porquê de estar aqui a Nossa Senhora, talvez por devoção do padre Bruno del Piero, fundador da paróquia e da casa, mas o que importa é que para nós esta situação só pode ser uma Providência, não acham?!

Para realizar todas as propostas (necessidades) foi formada uma equipa, nós os dois e o Fernando (foto), Missionário da Consolata (Seminarista -Teológico), que para além de ser Colombiano, já trabalhou em localidades próximas (no rio Putumayo), especificamente com indígenas. Outra providência, a primeira vez que vimos o Fernando foi na visita ao seminário Teológico, mas não falamos quase nada, ou nada. Onde nos conhecemos melhor e começamos uma amizade foi durante o Diplomado de Etnias (ver notícia). Estivemos duas semanas a partilhar experiência e adquirir conhecimento, mas sem imaginar que duas semanas depois iríamos trabalhar juntos, viver juntos, realizar e partilhar a mesma missão.

Voltando de novo ao tema da nossa viagem até Puerto Ospina. Como já vos contamos, por aqui as viagens são sempre muito longas, mas também, muito bonitas. Esta não foi diferente, viajamos uma noite e uma manhã (cerca de 15 horas) de autocarro e mais 4 horas de barco pelo rio Putumayo - Amazónia. Aqui foi a parte bonita claro! Podem ver as fotos, mas a realidade é bem mais envolvente, fica o convite!

E para adoçar, algumas dados sobre Puerto Ospina: pertence ao departamento de Putumayo, região da Amazónia. Do outro lado do rio está o Equador, especificamente El Carmen, uma pequena cidade, com mais comércio, e de onde vêm os produtos que se comercializam em Puerto Ospina. Á volta da paróquia vivem cerca de 250 famílias e nas áreas circundantes existem cerca de 9 veredas (pequenas aldeias – famílias). As populações são campesinas e indígenas.

A vida quotidiana é muito pacata, entre a pesca, o trabalho do campo, algum comércio e as “charlas” (conversas) lá se passa o dia. Os ruídos que mais se escutam são as galinhas, os barcos, as crianças e, por volta das 18h, o motor da electricidade. Pois é, só existe electricidade entre as 18h e as 22:30h depois dessa hora é “caminha” (ou ficar no computador, caso ainda tenha bateria, mas aí os mosquitos e mais alguns bichos literalmente, comem-nos!)

Para terminar, fica o resumo do que afinal Deus nos pede por estes lados: acompanhar todos sem exclusão, em todo o sentido da palavra, como onde soubermos e conseguirmos. Anunciando sempre o Evangelho e mantendo acesa a luz do sacrário, a luz da presença de Deus no meio de nós.

Seguimos juntos na oração e no espírito missionário!

I Diplomado de Pastoral de Etnias e Pastoral Urbana



Durante duas semanas, de 22 de Novembro até 4 de Dezembro, participamos no primeiro Diplomado de Pastoral de Etnias e Pastoral Urbana organizado pela Conferência Episcopal e a Universidade Pontifícia Javeriana, contando também com a colaboração dos Missionários da Consolata na elaboração do programa formativo.

Este curso foi destinado a missionários que já trabalhavam ou iam trabalhar no país, formando-os sobre diferentes realidades e missões. Todos os formadores tinham uma experiência vasta na área abordada, sendo alguns eram os próprios membros das comunidades étnicas. Entre eles, estavam alguns missionários da Consolata, tal como o P. Renzo Marcolongo, P. Ezio Roattino e P. Salvador Medina.

Os temas abordados foram, tal como o nome indica, sobre as pastorais de Etnias Indígenas e Afrodescendentes – cultura, situação actual, medicinas alternativas, idiomas, rituais e celebrações teologias; e Pastoral Urbana – cultura, El desplazamiento (deslocados ou refugiados – mais tarde falaremos dessa realidade numa outra notícia). Outras formações mais abrangentes foram: Inculturação, a Amazónia e Opção pelos Pobres. Muitos dos temas utilizaram o documento da Aparecida como base de trabalho (www.aparecida.com.br).

A variedade foi excelente para conhecermos os diferentes trabalhos que se fazem no país e a real situação em que se encontram essas missões e a Colômbia em geral. As conclusões foram duras e tristes, a situação de guerra, fome, doenças, discriminação, violência, e tudo mais, é muito forte, muito presente. Para que entendam melhor, alguns dos dados apresentados revela que desde 2002 até este ano 1721 indígenas foram considerados assassinados devido ao conflito armado, mas a realidade é sempre outra onde o número é mais elevado, muitas pessoas não denunciam estas situações por razões óbvias. Em relação aos Afrodescentes, representam cerca de 30% da população refugiada/deslocada. Segundo dados da ONU a Colômbia é o 2º país com maior número de deslocados.

Em relação ao grupo de participantes, todos provinham de diferentes congregações e paróquias. Mas este grupo tão heterógino tinha uma coisa em comum – a Missão. Foi muito bonito conhecer diferentes formas de viver a mesma missão, diferentes carismas, diferentes trabalhos, mas todos por amor a Deus e ao Irmão.

Em termos práticos, tivemos de realizar um projecto para aplicar nas nossas comunidades. Nós os dois, juntamente com a Irmã Idefonsia (Missionária da Consolata), apresentamos um Plano de Inculturação para os Missionários e Missionárias da Consolata: antes, durante e depois da Missão. E fomos visitar uma comunidade – Soacha (podem conhecer mais numa notícia com este nome).

Concluindo, agradecemos muito a oportunidade de participar neste curso. Sem dúvida foi um presente de Deus. Com este diplomado somos mais capazes de conhecer a realidade, saber onde é necessário intervir, e claro, onde podemos realizar melhor a missão que nos trouxe até aqui.

Para terminar, gostava de vos deixar uma ideia partilhado pelo P. Renzo e que serviu de base para todo o curso:

“Os Missionários e Missionárias têm de ter uma mente muito aberta para conhecer, entender e aceitar o outro e a sua cultura específica.”