domingo, 27 de março de 2011

A nossa destinação!

Após alguns meses de introdução à cultura, à comida, ao idioma, à selva, aos barcos, aos rios, ao calor, e muitas outras coisas... eis a nossa destinação - Perú!

Seremos uma comunidade pequena, nós os dois e o P. Moonjung Kim (recém ordenado), alguns definem-nos como uma equipa jovem, intercultural (portugal e coreia), com presença de LMC e IMC e, para melhorar, mista, dois homens e uma mulher.

Soplin Vargas, (ver no mapa abaixo) é o nome da comunidade que nos irá recebe. Desde alguns anos que não tem presença fixa da Igreja Católica. Nos últimos anos (mais ou menos 8 anos) têm sido visitados pelas comunidades de IMC e MC da Colômbia.

A nossa missão é: ser presença católica permanente na comunidade Soplin Vargas, acompanhar as veredas (comunidades) que pertencem ao distrito juntamente com a equipa da Pastoral de Fronteiras – Perú, Colômbia e Equador (onde também está a Graça Lameiro) e, finalmente, integrar o plano pastoral do vicariado San José del Amazonas.

Para iniciar esta missão participamos, este mês de Março, na Assembleia do Vicariato San José del Amazonas em Indiana, altura em que nos apresentamos ao Bispo Alberto Campos e fomos recebidos, pelo mesmo e pelo vicariato em geral, com muito carinho e expectativas.

Durante duas semanas tivemos oportunidade de conhecer as diferentes comunidades e os trabalhos pastorais. Como equipa, ficamos positivamente impressionados com o trabalho desenvolvido e, particularmente, como vivem a missão Amazónica. O tema deste ano foi “Amazonia geme/grita, dar-lhe a mão é a nossa opção!”

No site que colocamos acima podem ver mais informações sobre o vicariato e, mais tarde, sobre esta assembleia, e aqui blog também.

Terminada a Assembleia o Bispo nomeou o Kim como Vicário/ Pároco de Soplin Vargas, “colaborando com os esposos Rui Silva e Viviana Barbosa” (citado da carta de nomeação).

É importante dizer-vos que a única coisa que existe no que se refere à paróquia é o Povo de Deus e o terreno onde se construirá uma Capela, uma maloka e uma casita para os Missionários (quando houver dinheiro claro!). Para já contamos com o apoio da comunidade de Puerto Leguizamo (Colômbia – onde está a Irmã Graça Lameiro) e com o acolhimento tão esperado da própria comunidade de Soplin. Algumas pessoas já construíram a sua casa a pensar num quartinho para os missionários, sem dúvida que este é um verdadeiro Acolhimento!

Alguns dados de Soplin Vargas: sabemos que recentemente se construiu um Banco Internacional, um Hospital (que não tem pessoal e alguns dos equipamentos já foram roubados), um molhe (onde aterra um hidro-avião uma vez por semana, e é a única ligação para a capital do distrito), um colégio e... pouco mais.

Mais novidades e partilhas virão nas próximas notícias sobre esta nova missão!

Até lá rezem, torçam, façam figas... alguma coisa para nos desejarem Boa Missão :)


Temporada Puerto Ospina III - A despedida

Pois é... a nossa permanência em Puerto Ospina tinha prazo de validade e depois de tantas aventuras tivemos que regressar a Bogotá.
Estar em Ospina permitiu-nos adquirir experiência de Missão, experiência de casal e experiência de oração! Sabemos que poderíamos ter feito muito mais, mas também sabemos que o que fizemos saiu-nos do coração.
Agradecemos à D. Elsy,Javier e toda a família, que sempre nos ajudaram a inculturar-nos no povo e nas coisas de casa.
Agradecemos à D. Floralba, Sr. Jaime e família, Sr. Hermogene e D. Inês, D. Beatriz.
Agradecemos a todas as crianças que nos fizeram sorrir...
Agradecemos ao nosso "perro" Maximo, por ser uma companhia fiel.
Agradecemos ao IMC a oportunidade de viver a Missão neste local.
Agradecemos a Deus por estar sempre connosco...

Quando chegamos, não havia ninguém no molhe para nos receber... Quando partimos, algumas pessoas vieram-se despedir de nós e esse gesto já fez com que a nossa presença valesse a pena!

Aqui ficam alguns rostos desta Missão:



Temporada Puerto Ospina II - é Carnaval!!!!!

Enganam-se os que pensam que o Carnaval é na 3ª feira antes da 4ª Feira de Cinzas... Isso também pensávamos nós!!!!
Para nosso espanto, o Carnaval, conhecido aqui como Carnaval dos Negros e dos Brancos, realiza-se entre 4 e 6 de Janeiro.
Nessa manhã, saí de casa para comprar pão, como diariamente o fazíamos, e vejo um movimento fora do comum no "pueblo", gente a atirar ovos, farinha, alguns a pintarem-se uns aos outros, e achei muito estranho, pois está claro. Acercaram-se de mim e pediram-me se me podiam sujar com farinha: è claro que sim! respondi eu! Cheguei apressadamente a casa para partilhar com a Vivi o sucedido e quase de imediato saímos os dois para passear e aí o ataque foi maior, senão vejam o resultado:











Sem percebermos muito bem, regressamos a casa sabendo que se estava a festejar o Carnaval e muito bem!

No dia seguinte, voltamos a escutar um movimento suspeito, e mais uma vez saímos para ver o que se passava, e surpresa: havia ainda mais gente nas ruas, música e baile. Aí perguntámos o que se estava a passar (novamente) e explicaram-nos que ontem se festejou o Carnaval dos Brancos e nesse dia se festejava o dos Negros. Apenas mais alguns minutos e descobrimos porque se chamava dos negros!!!! Fomos atacados por todas as partes, grandes e pequenos riam-se enquanto nos "marcavam" com cores, farinha e ovos. Tive obviamente que regressar a casa para abastecer o meu pequeno arsenal para também retribuir generosamente aos que se aproximassem! Regressei para a "guerra" e parecia o S. João: dás-me a mim que eu dou-te a ti! Enquanto me divertia a ser pintado, a Vivi já estava em pleno passo de inculturação, pois estava a dar os primeiros passos de dança colombiana com um nativo e aprendeu muito bem! Passado pouco tempo também eu já estava a demonstrar como mal se dança e pareceram impressionados com o meu jogo de cintura e de joelhos: um autêntico desastre!
A tarde acabou com a partilha de um porco assado e mandioca na brasa entre os que participavam no bailarico. Foi uma tarde bem passada!!!

E nós como acabamos o dia? Bem, as fotos falam por si...




III ENCONTRO CONTINENTAL DE PASTORAL INDÍGENA IMC – MC – LMC


“Los espíritus del Trueno, de la Lluvia, del Viento, de la Tierra en su profundidad y en su altura, de las Plantas, de los Ríos, nos acompañen siempre para captar la presencia del Dios vivo y verdadero, que ha hablado a sus antepasados, y juntos caminemos al encuentro de la Palabra hecha carne que nos convoca a la construcción del Reino”



De 12 a 15 de Janeiro de 2011 juntaram-se em Licto (Chimborazo) – Equador, cerca de 30 missionárias e missionários que trabalham nas regiões Colômbia, Equador, Argentina, Bolívia, Venezuela e Brasil, juntamente com os conselheiros continentais da Consolata: Irmã Renata Conti e o padre António Fernandes.

À luz do texto de João 14, 6: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”, partilhou-se o Caminho efectuado ao lado das diferentes comunidades indígenas, a Verdade que conduz a profundas reflexões sobre o futuro desta missão, e a Vida que proporciona a possibilidade de uma articulação continuental em favor da mesma opção indígena.

Ao longo da semana foram vários os momentos vividos com comunidades indígenas locais – danças, rituais, celebrações da palavra, enfim, formas de inculturação fundamentais para um missionário.

As partilhas entre as várias regiões foram igualmente importantes para consolidar uma opção que nem sempre é fácil, que conta com muitos opositores e “esquecimento” por parte dos governos (e outros).

Foram essas mesmas dificuldades, vitórias e sonhos, que na conclusão do encontro geraram uma pergunta muito interesante. Deixa-mos aqui essa questão e as várias respostas, das várias regiões, para que, de alguma forma, todos nos sintamos em sintonia por uma causa a não esquecer:

Porque é que nós consideramos que a opção pelos indígenas responde ao nosso carisma?”

Os indígenas são invisíveis – o nosso carisma leva-nos onde ninguém quer ir.

É uma caracteristica da primeira evangelização.

Não existe interese por parte da Igreja local para promover a pastoral indígena.

Interculturalidade. Ao longo do tempo os nossos institutos têm assumido a interculturalidade. Construir um mundo intercultural.

É uma realidade onde outros não querem entrar.

Os povos indígenas são invisíveis aos olhos da sociedade e da Igreja local.

Ajudar a corrigir o erro que a Igreja cometou à 500 anos atrás.

Procurar como trabalhar a busca de dignidade dos povos indígenas.

Os povos indígenas continuam a ser os excluidos da nossa sociedade.

Os povos indígenas dão sentido ao nosso carisma na América e ensinam-nos a encarnar a nossa espiritualidade.

O trabalho indígena leva-nos a reflectir sobre o nosso carisma e a razão de ser do nosso Ad gentes. Crescemos graças a eles.

O futuro da humanidade está nos povos nativos e nas suas visões (conceitos) de vida. Os indígenas têm muito que ensinar à nossa Igreja.

O nosso carisma é Ad Gentes e esse encontramo-lo nos indígenas. Aí o transcendemos a um Inter Gentes, onde todos contribuimos e nos enriquecemos mutuamente.

Os indígenas são pobres porque têm vindo a ser empobrecidos.

Apesar de nem todos os leitores do nosso blog serem Missionárias e Missionários da Consolata, esta mensagem sobre o carisma pode ser inspiradora para todos que acreditam num mundo melhor!

“Sonhamos com uma Igreja com Rosto, Espírito e Coração INDÍGENA”


A notícia sobre este encontro pode ser lida no site (Fatima Missionária): http://www.fatimamissionaria.pt/artigo.php?cod=16618&sec=8