segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Natal em Soplin Vargas


Este foi o segundo Natal que vivemos nestas terras de Missão. O ano passado estivemos numa comunidade chamada Puerto Ospina – Colômbia e este ano, na comunidade de Soplin Vargas no Perú.
Por estes lados existe a tradição de rezar a Novena de Natal, por isso de malas feitas, no dia 16 de Dezembro, o P. Kim entrou na “auto-estrada” A-rio Putumayo em direcção a Soplin Vargas. Foi apenas 1 hora de viagem porque viajou no barco da Paróquia de Puerto Leguizamo que tem um motor 40, juntando-se com Ir. Graça Lameiro e com P. Eduardo Reyes, ambos também iam visitar as comunidades indígenas ao longo do rio Putumayo mas do lado colombiano. Atracado no porto de Soplin Vargas, os animadores, juntamente com algumas pessoas da comunidade, ajudaram a levar a “carga” até ao hospital onde nos iríamos alojar durante o tempo de Natal. Nos primeiros dois dias o P. Kim ficou sozinho e celebrou a novena com a comunidade numa casa de família, na qual previamente tinham montado um bonito presépio para a ocasião.
Domingo 18 chegou o nosso momento de viajar, pois o Copi tinha acabado de chegar de Bogotá, onde teve de ir tratar de uma pequena alergia que lhe apareceu, felizmente não foi nada de grave. Como fomos mais tarde, tivemos de viajar no, já habitual, barco de um animador, D. Luciano, que vive em Soplin. A nossa viajem foi um pouco mais longa, durou 2 horas pois viajamos com um “peque-peque” - um tipo de motor que apesar de económico, não prima pela velocidade.
Assim que chegamos começaram também as actividades. Para as crianças preparamos desenhos, colagens, recortes e cantos com dinâmicas. Cada dia, na parte da tarde, a Vivi dava um pouco de catequese sobre o tema do dia e depois as crianças realizavam trabalhos manuais que apresentavam no ofertório da celebração da noite. Todos esses trabalhos serviram para decorar o local onde celebrávamos a novena, bem como a árvore de natal e naturalmente o presépio.
Começamos com poucas crianças, mas rapidamente se juntaram mais, e inclusive, até esperavam à porta de tão ansiosos que estavam. Verdadeiramente foram dias de alegria para as elas.

Uma vez que conseguíamos reunir as crianças e alguns adultos (que também ajudavam na decoração natalícia), aproveitávamos para ensaiar alguns cânticos para animar a celebração da noite. O Copi, uma vez que o Senhor não lhe deu o dom da afinação, utilizou os conhecimentos que tinha para tocar guitarra na celebração e contribuir para que esta tivesse algum ritmo e cor. Podemos dizer que se defendeu muito bem.
 Juntamente com os mais adultos, o Copi ocupou-se em montar o presépio com cenário amazónico. As principais figuras foram feitas em barro (recolhido do rio) e pintadas à mão, o restante foram figuras recortadas e pintadas pelas crianças durante as actividades da tarde. O produto final foi um “hermoso” presépio, tal como nos conta a Palavra de Deus: simples, pobre e cheio de luz!
 A tradição das Novenas de Natal também diz que no final de cada celebração, se deve oferecer um pequeno doce, rebuçados, ou até chocolate, às pessoas que participam. A verdade é que havia sempre mais gente no final das celebrações do que ao inicio, mas claro, tradição é tradição, e todos ficavam contentes com o pouco que se partilhava.
Na noite de Natal, a celebração foi muito bonita e participada. E sem dúvida que o coro das crianças transforma todo o meu momento em algo mais especial. O menino nasceu e seguramente sorriu ao encontrar uma comunidade unida na oração e disposta a recebê-lo de braços abertos nos seus corações.

Terminados estes dias de partilha com a comunidade de Soplin Vargas, regressamos a Puerto Leguizamo no dia 25 e de novo em “peque-peque”, desta vez a viagem durou 3 horas e meia pois íamos contra a corrente do rio! 
Chegando a Puerto Leguizamo, estava à nossa espera um delicioso almoço de Natal preparado pelas Irmãs da Consolata e com a presença de todos os missionários e missionárias da comunidade de Leguizamo e La Tágua (uma missão vizinha). A irmã Graça partilhou um pouco do Natal português - nozes, figos e claro está a D. Antónia, uma senhora muito conhecida que vem no rótulo de uma boa garrafa de vinho do porto.


 E assim se viveu mais um Nascimento de Jesus na Missão e em família. 

Sem comentários: